
Um aprendizado ativo com repetições espaçadas reduz o esquecimento e aumenta a velocidade do aprendizado!
- Em 1885 o filósofo Hermann Ebbinghaus buscava responder: Como o aprendizado é afetado pelo conhecimento e compreensão anteriores?
- A resposta a essa pergunta resultou na famosa Curva do Esquecimento que mostra como as informações são perdidas ao longo do tempo quando não há tentativa de retê-las na memória de longo prazo.
- A maior parte do esquecimento se produz nos primeiros momentos logo após a aprendizagem; a decadência é significativa durante a primeira hora; após 20 minutos após uma leitura, retemos 58% das informações (o declínio mais acentuado), em 1h a retenção cai para 44%, em 24h para 33%; após 24 hs a curva fica nivelada; caso não haja uma revisão, após 1 mês, restará apenas 20% de informação retida. (ver figura)
- A velocidade do esquecimento depende de vários fatores, tais como, dificuldade (significância do assunto), representação (e fatores fisiológicos, como estresse e sono; esse esquecimento não é por falta de qualidade da leitura; ele é normal; se não reutilizamos as informações, o nosso cérebro “deleta” ou “perde o acesso”.
- A repetição no aprendizado aumenta o intervalo ideal antes da próxima repetição ser necessária; ou seja, retenções quase perfeitas podem exigir repetições iniciais diárias, mas depois podem ser feitas depois de anos.
- Um aprendizado mais ativo e inteligente pode também reduzir o esquecimento, utilizando por exemplo, leitura ativa, anotações, resumos, mnemónicos, mapas mentais e prática deliberada (constatado mais recentemente)
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Qual a vantagem do Esquecimento?
O esquecimento fisiológico da memória a faz mais adaptativa, eficiente, econômica, gerenciável, organizada e segura.
- Pesquisas revelam que apagar informações irrelevantes ajuda o cérebro a se concentrar em aspectos mais importantes e que possam ajudar, por exemplo, na tomada de decisões no dia a dia.
- Lembrar e Esquecer são os dois lados de uma mesma moeda; lembrar é como avisamos para o nosso cérebro o que é importante e esquecer é a maneira como nosso cérebros seleciona as memórias mais importantes.
- Se lembrássemos de tudo o que já ouvimos ou vimos, nossa memória seria um grande emaranhado de conhecimentos inúteis e dispensáveis, atrapalhando a atividade cognitiva.
- O fato de esquecermos determinados eventos, em especial aqueles de menor relevância, proporciona uma grande economia cognitiva.
- O esquecimento denota o nosso sistema de memória é adaptativo; retem apenas as informações mais relevantes para agir sobre o meio.
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A memória diz respeito a retenção e recordação, a retenção é como escrever e a recordação é como reler o que foi escrito.
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Como contornar a Curva de Esquecimento?
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Aplicar Aprendizado Ativo para aumentar a qualidade do aprendizado; quando você apenas realiza a leitura de um conteúdo de forma passiva, a retenção é muito baixa.
De uma forma geral existem 2 categorias de métodos para aumentar a memorização: 1) melhor representação na memória (mnemônicos ) e repetição espaçada.
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- Distribuir a aprendizagem ao longo de vários dias, de forma espaçada.
- A revisão e repetição do aprendizado é fundamental já que reduz o esquecimento das informações
- No processo de formação de blocos de informação a recordação deve ser espaçada; não se pode deixar passar muito tempo para recordar, caso contrário a informação será apagada da memória de longo prazo e você terá que recomeçar do zero.
- A releitura é um método adequado para fazer exercícios de “ repetição espaçada” quando se passou um tempo significativo após a leitura de um bloco de informação.
- Continuar o estudo quando você já entendeu bem o material é chamado de sobreaprendizagem; você precisa cuidar para não exagerar na repetição da sobreaprendizagem para não desperdiçar o seu tempo.
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Repetição Espaçada
Para transferirmos informações da memória de curto prazo para a memória de longo prazo e recuperá-las quando necessário, é necessário tempo e prática; uma forma de fazer isso é usar a técnica de “repetição espaçada” – repetir o que você deseja reter (palavra, problema, conceito, etc) de forma espaçada, por alguns dias.

- Entender e compreender não são suficientes para criar blocos na memória de longo prazo, é necessário praticar.
- Quando você se dedica a entender um determinado assunto, são criadas conexões entre traços de memória, ainda fracas.
- Quando você pratica e vê o bloco de informação em mais contextos ele fica mais forte na sua mente.
- Quanto mais você pratica você “enraíza” o bloco, torna-lo sólido e inserido na memória de longo prazo.
- Diante disso é importante na fase inicial do aprendizado, reforçar o padrão de aprendizado para que ele não desapareça da sua memória de longo prazo.
- A repetição espaçada é um método recomendado para fazer isso.
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O desafio de repetir e praticar é que isso pode ser enfadonho. No entanto não é possível aprender sem repetição.
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Porque a repetição grava o aprendizado na memória de longo prazo?
A “Repetição Espaçada” constrói estruturas neurais mais fortes ao repeti-las ao longo de vários dias. Prolongar a prática de repetir o que você deseja reter por alguns dias faz a diferença.
- Experiências demonstram que a prática de repetição espaçada por alguns dias é muito mais efetiva do que se você repetir várias vezes durante um único dia – você pode constatar isso quando deixamos para estudar apenas na véspera das provas e poucos dias depois já esquecemos tudo.
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Memória de Curto e Longo Prazos
- A nossa memória é composta por uma rede de ligações neuronais que é mais densa no indivíduo que utiliza o cérebro mais intensamente e menos densa naquele que, em qualquer fase da vida, deixe de estimulá-lo.
- A memória é como um músculo – se parar de usar, ela atrofia.
- A aquisição de informações se processa por vários canais, via sons; palavras, números e principalmente conceitos e são armazenadas na memória.
- É importante distinguir a memória da qual precisamos no imediato daquela que arquivamos informações para serem mantidas por tempo indeterminado.
- Para gravar um número de telefone para uma ligação imediata, o cérebro precisa da memória de curto prazo e para gravar o mesmo número para fazer ligações futuras, dependeremos da memória de curto e longo prazos.
- Tanto a aquisição da informação quanto sua disponibilização dependem de todos os processos cerebrais que envolvem o indivíduo em determinado momento.
A nossa atenção para aquisição e condicionamento da informação e a atenção na busca dessa informação são fundamentais para que a memória se torne plena, ou seja, para que o fato ou dado de que precisamos num momento seja relembrado da maneira correta e no tempo correto.
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Esquecer é uma característica seletiva da memória.
Esquecer faz parte do processo de memorização, esse caráter seletivo da memória é fundamental para não acumular uma grande quantidade de dados desnecessários, porque eles mudam com o tempo.
A plasticidade é uma das características da memória, que tem de ser modificada a cada instante para que não sejam guardadas informações desnecessárias.
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A memória faz parte de todo um sistema, razão pela qual é fácil influenciá-la negativamente, assim como é fácil beneficiá-la, uma vez que o bom funcionamento do organismo propicia a boa memória.
O envelhecimento contribue para “lentificar” ou diminuir a capacidade de aquisição da informação, e o trabalho para adquirir nova informação tenha de ser mais prolongado ou mais detalhado.
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Volume de Informações
O modelo pedagógico indicado para o indivíduo numa fase mais avançada da vida precisa ser diferente do mais jovem.
- As pessoas mais velhas não só têm patrimônio de conhecimento infinitamente maior, como sua atenção está dispersa e dividida entre inúmeras demandas.
- Quando somos mais novos, o nosso banco de informações é menor (analogia com o computador) a busca de informação é sempre rápida e facilitada, mas ficará mais demorada ao longo do tempo e reclamaremos da lentidão, se o volume de dados superar a capacidade de trânsito das informações requisitadas.
- Com sobrecarga de atenção voltada para cinco fenômenos diferentes ao mesmo tempo, o indivíduo mais maduro que busca por informação, pode achar que a memória está mais lenta e deficitária, entretanto, se avaliar todo o contexto, certamente verá que a resposta está adequada ao ciclo de vida e momento específico que atravessa.
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Foco da Atenção x Falhas de Memória
Não existe remédio para melhorar ou aumentar a capacidade da memória;
- Muitas vezes os problemas de memorização são associados à falta de concentração e não de memória.
- Provavelmente o foco de atenção não estava voltado para o item a ser memorizado e sim para qualquer outra coisa que tenha ocorrido no momento; portanto, não é um problema de memória, mas de intenção subjetiva e involuntária de guardar ou não determinada informação.
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Uso contínuo da memória
A rede de ligações neuronais, ou seja a memória, será mais densa no indivíduo que utiliza o cérebro mais intensamente e menos densa naquele que, em qualquer fase da vida, deixe de estimulá-lo.
A memória é como um músculo, se não usar atrofia e este fato se estende a toda a atividade cerebral
Um aposentado, pode perceber perda de capacidade de raciocínio e de memorização, mesmo seis meses depois do último dia de trabalho; no entanto, a capacidade intelectual desenvolvida pode ser recuperada ou aumentada, frente a novas demandas; esse mesmo tipo de situação pode ocorrer com crianças e adolescentes, se forem privados de informações.
O número de neurônios é estável ao longo da vida, mas as comunicações que eles estabelecem são estimuladas ou desestimuladas conforme o grau de atividade cerebral.
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Mnemônicos x Qualidade da memória
A memória é falível em qualquer fase da vida e o uso de um instrumental mnemônico e recomendável.
Por exemplo, o uso de algumas palavras chaves na agenda é um recurso mnemônico útil e muito utilizado para organizar os compromissos.
O fato de ter nossos compromissos registrados nos tranquiliza e essa despreocupação ajuda a tornar a memória acessível a qualquer momento.
A qualidade da memória, quando devidamente utilizada, não perde em nada do adulto normal para o idoso normal. Daí a ocorrência de produções artísticas e consagradas num octogenário ou nonagenário.
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Memória e Medicamentos
Medicamentos que induzem o sono, calmantes, analgésicos, antidepressivos, alguns anti-hipertensivos e os que controlam as crises de epilepsia obrigatoriamente atuam no cérebro e interferem no funcionamento da memória.
Quem se queixa da memória pode ter que fazer com o médico uma revisão crítica dos medicamentos que utiliza.
Memória e Atenção
A atenção é condição indispensável para a aquisição de informação e memorização.
- A memorização está relacionada com a importância que atribuímos à uma informação e isso pode ser chamado de atenção
- Lembraremos de informações adquiridas num determinado momento, quanto mais detalhes tivermos observado.
- Podemos não lembrar de uma dada informação, mas podemos lembrar de outras coisas associadas no momento em que foi captada, como cheiro, cor, som, emoção e isso pode remeter para a informação desejada.
- Quando a necessidade de atenção aumenta é uma boa prática usar mecanismos mnemônicos para acessar informações com maior eficiência.
- A qualidade da memória, quando devidamente utilizada, não perde em nada do adulto normal para o idoso normal; daí a ocorrência de produções artísticas e consagradas num octogenário ou nonagenário.