As perguntas filosóficas podem ser classificadas em 5 categorias: 1) avaliativas, 2) conceituais, 3) metafísicas, 4) fenomenológicas e 5) epistemol[ogicas.
Na sequência são explicados o propósito, características e aplicações e exemplos de cada um dos tipos.
Perguntas Avaliativas …
- Identificar problemas filosóficos relacionados a valores.
- Avalia retorno do conhecimento
- O que fazer ou não fazer
- Investigar ajustificativa de nossas crenças, valores e preferências.
- Qual a melhor escolha em determinanads situações.
- O que devo saber mais?
Exemplos de Perguntas Avaliativas …
- O que é certo ou errado?
- Como avaliar o retorno do conhecimento?
- O que devemos ou não devemos fazer?
- Qual a justificativa para nossos valores e preferências?
- Como devo agir nesse tipo de situação?
- Devo sempre tentar saber mais coisas?
- A falta de conhecimento é sempre ruim?
- etc.
Conceituais … representar ou formar na mente, significados, pensamentos, idéias, objetos, relações, pessoas, elementos; identificar e formular problemas filosóficos (= conceituais), expressar diferentes linguagens com o mesmo significado (por exemplo, textual, gráfico, esquemático, geométrico, logico, etc) e gerar perguntas universais que podem ser e aplicadas à todas as coisas e obter ganhos de escala de forma eficiente cognitiva e produtivamente.
- Identificar “problemas filosóficos” ou “problemas conceituais” sobre o SIGNIFICADO.
- Contextualizar … descrever a inter-relação de objetos, circunstâncias e conceitos que acompanham um fato ou uma situação.
- Resolver ambiguidades … visibilizar e diferenciar conceitos e relações
- Identificar inconsistências … conceitos e relações que levam a uma contradição lógica (na explicação ou compreensão).
- Diferenciar conceitos … distinguir e avaliar suas relações.
- Assemelhar conceitos … identificar relações semelhantes ou analogias.
- Hierarquizar conceitos … organizar a informação, conhecimento e gestão com subordinação.
Exemplos de Perguntas Conceituais.
- O que é isso, qual a ideia ou conjunto de ideias ou matérias que este conceito descreve?
- Quais são os principais conceitos atrelados a esse conceito?
- Quais os conceitos que contextualizam esse domínio de conhecimento?
- O que significa aprender algo?
- Qual a relação entre entender, compreender e aprender?
- Podemos aprender sem ensinar e vice versa?
- Qual a relação entre ensinar e explicar?
- Aprender implica mudança?
- Aprender implica em melhoria, qual a relação?
- Esses conceitos modelam de forma simplificada e significativo o funcionamento do negócio?
Metafísicas ... fundamentar a realidade e conhecimento; compreender “o que está além da física”.
- As perguntas metafísicas identificam problemas filosóficos sobre a realidade, essência e natureza da empresa, modelo de negócio.
- São as perguntas mais fundamentais das perguntas filosóficas.
- Têm o objetivo de ir além daquilo que todo mundo vê e sabe … entender e criar essencialidades.
- Estudar os “primeiros princípios”, ou “princípios fundamentais” que a empresa e as pessoas irão seguir.
- Identificar categorias, conceitos, estruturas e modelos para conceber e suportar propósitos, objetivos e estratégias.
- Avaliar a identidade da empresa, suas características que diferenciam no mercado.
Exemplos de Perguntas Metafísicas
- Quais os clientes ideais para a nossa empresa ou para este negócio ou para essa oferta?
- Qual o foco, singularidade e mensagem da valor da nossa oferta?
- Qual a percepção de valor da nossa marca no mercado?
- Porque “fazer isso ao invés de nada”?
- Temos “livre arbítrio para tomar essa decisão?
- Quais são as nossas vantagens e desvantagens competitivas?
- Qual a nossa consciência sobre a situação atual?
- Qual a “categoria de problemas” (problemática) que resolvemos?
- O que propor além daquilo que todo mundo propõe atualmente no mercado?
- Esse ato de questionar – realmente importa?
Fenomenológicas – metodizar a investigação de fenomenos que intermedeiam o sujeito e o objeto, que aparecem à consciência e como ela interpreta … estabelecer “verdade provisória” e útil, que será verdade até que um fato novo mostre outra realidade … movimentar o pensamento de forma cotraposta à metafísica e buscar a “lógica pura” sem preconcepções filosóficas.
As perguntas fenomenológicas identificam problemas filosóficos sobre julgamentos, percepções e emoções.
- Explorar experiências vividas … descrição e análise da experiência direta e subjetiva, suspender preconceitos e focar na intuição dos fenômenos e das suas essências gerais, compreender o que e como o indivíduo percebe, vivencia e atribui significado ao mundo e a si mesmo, através de métodos como entrevistas abertas para capturar a essência da experiência.
- Fazer julgamentos … responder perguntas do tipo: quais evidências? Qual a ponderação? Qual o tipo de julgamento: informal (opiniões), julgamento formal (regra de compararação) ou legal (aplicação da lei)?.
- Gerenciar percepções … quais as interpretações da informação sensorial para representar e compreender a informação ou ambiente.
- Gerenciar emoções … quais as alterações neurofisiológicas associadas a pensamentos, sentimentos ou respostas comportamentais.
- Considerar o lado humano do marketing … analisar relações de negócio e ir além das autoridades e teorias estabelecidas.
Exemplos de perguntas experenciais
- Como é ser livre?
- Qual é o significado ou a importância da liberdade para nossas vidas?
- Uma experiência de liberdade na sala de aula muda a forma como a escola é para nós?
Epistemológico.
As questões epistemológicas identificam problemas filosóficos sobre a natureza de nosso conhecimento, julgamentos e justificativas, bem como nossos critérios de certeza, crença e evidência. Essas perguntas nos ajudam a resolver incertezas sobre o que sabemos, como sabemos essas coisas e quais critérios podemos usar para julgar. Por exemplo, se pensarmos nos direitos das crianças, poderíamos perguntar:
- Como sabemos quais são os direitos das crianças?
- Que critérios poderíamos usar para saber se uma criança tem direitos específicos?
- Estamos justificados em acreditar que as crianças têm direitos?

Conclusão.
- As questões filosóficas são ferramentas que apontam, isolam e articulam problemas filosóficos.
- São usadas para analisar soluções filosóficas para problemas filosóficos.
- A filosofia começa com as perguntas e problemas. filosóficos.
- As questões filosóficas são ferramentas que nos ajudam a descobrir problemas e incoerências, que depois investigamos e esclarecemos. Nesse sentido, atuam como tochas que iluminam a escuridão.
- Por outro lado, são ferramentas para focar em aspectos particulares dos problemas e nesse sentido, são como lupas ou telescópios e nos ajudam a desenterrar as preocupações problemáticas.
- Dessa forma a filosofia explora a dualidade e dialética das coisas abstratas que representam o mundo real.
- Precisamos de questões filosóficas para explorar um problema filosófico para fazer filosofia.
- Fazer uma pergunta filosófica não levará a uma investigação filosófica se for feita com o propósito errado.
- Por exemplo, se alguém faz a pergunta filosófica como “Essa solução é sempre boa?” com a intenção de levar à resposta preferida do formulador da pergunta, então o resultado não será filosofia, não levará ao pénsamento, evidências e conceitos científicos, já que existe viés.
- Outro exemplo, porque o problema filosófico sobre o propósito da educação na empresa não pode ser resolvido perguntando “Qual é o currículo que o mercado usa? Esta pergunta não é uma ferramenta suficientemente para resolver o problema filosófico, e a filosofia prática na empresa poderia usar a seguinte pergunta: “Qual o objetivo da educação na empresa?”
- A implicação é que ao perguntar, responder ou pensar sobre questões filosóficas, é importante entender o problema filosófico para o qual as questões apontam … ou seja devem estar intimamente e especificamente atrelados.
- Se eu perguntar “Qual é o objetivo da educação?” com um propósito filosófico, não estou interessado em um relato histórico ou no que está nos documentos curriculares atuais (embora isso seja informativo).
- Se eu perguntar “O que significa aprender?” com um propósito filosófico, não estou interessado nas causas psicológicas, biológicas ou sociais da aprendizagem e sim interessado no significado e definição de aprendizagem e na avaliação de nossas razões para escolher um significado em detrimento de outro. Este é o problema filosófico .
- Se alguém acredita que as questões filosóficas são respondidas pela coleta de mais conhecimento, não ficará satisfeito com o resultado, já que esse “não” é o propósito das perguntas filosóficas.
- Se não tivermos uma experiência do problema filosófico que está sendo explorado, as questões levantadas, a discussão realizada e as resoluções sugeridas não terão sentido para nós.
- A filosofia embora abstrata depende fundamentamente da prática e dio ambiente de tarefa que o sujeito está inserido.
- A filosofia da educação só faz sentido para nós se lidar com um problema que percebemos como um problema.
- Damos sentido a um problema filosófico resolvendo-o.
- Mas se não “vermos” o problema, não seremos capazes de apreciar uma solução e, portanto, não lhe daremos sentido.
- A implicação final é que devemos começar a fazer filosofia da educação com a disposição de enfrentar questões e problemas difíceis sobre a educação.
- Temos que estar dispostos a descobrir e confrontar o que não faz sentido em nossas próprias visões preciosas sobre educação.
- Devemos desafiar o incontestável.
- Devemos deliberadamente encontrar problemas que tornem nossas visões seguras e tranquilizadoras mais inseguras (Lipman, 2004).
- Porque isso é inquietante, demorado, complexo e difícil, parafraseando Lipman (1988) um pouco, poderíamos dizer que é preciso coragem para fazer filosofia da educação, principalmente na empresa.



