Ler mais só agrega valor se você “lembrar com qualidade” o que leu, caso contrário é um desperdício de tempo …
A figura ilustra a “Curva do Esquecimento de Hermann Ebbinghaus.
O nosso cérebro para ser mais eficiente esquece devido à uma importante característica chamada plasticidade.
Por exemplo , em 20 minutos, o cérebro retêm 58% e em 1 hora 44% e em um mês são retidos 20% da leitura, em média.
Se for usado métodos de leitura ativa a retenção pode ser muito alta.
Como aumentar a Retenção de Informações na Memória?
A retenção de informações na memória é função do uso consciente do nosso sistema cognitivo, não só da memória e sim de todos os recursos cognitivos já que todos – memória, atenção, pensamento, percepção, linguagem e aprendizagem – trabalham em conjunto.
- Ambiente … influenciar a maneira como o cérebro processa e armazena informações.
- Anotações … ajudar a manter o foco durante as sessões de estudo; evitar distrações; fazer alusões e relações com conceitos, objetos, imagens, sinais e símbolos; estimular o cérebro, destacar informações a serem armazenadas, destacar pontos a serem analisados posteriormente.
- Aprendizagem … ocupa-se da forma como a experiência altera o cérebro, enquanto a memória concentra-se na maneira como essas mudanças são armazenadas e posteriormente ativadas.
- Atenção … o controle da atenção é determinante para a memória; é necessário selecionar uma única tarefa, evitar multitarefas e ignorar distrações externas; significa priorizar e gerenciar o tempo … uma grande parte de problemas ditos de memória são na realidade por falta de atenção no processo de aquisição, armazenamento ou recuperação da informação empregada pelo sujeito (ou empresa quando pensado de forma coletiva).
- Compreensão … quando compreendemos, memorizamos; a memória é concebida como construída a partir do processo de compreensão, dos significados que extraimos das experiências … compreensão exige
- Emoção … quanto mais emoção envolvida, mais memorável será a experiência.
- Mnemônica … técnica de auxiliar a memória, tipicamente verbais, memorizar listas e fórmulas via relações pessoal, espacial ou relevância.
- Motivação … tudo passa pelo sujeito que direciona a sua atenção.
- Objetivo …. definir objetivos SMART da leitura … eSpecífico, Mensurável, Acessível, Relevante e Temporal, para assegurar a direção cognitiva certa, ponto de chegada e avaliação do sucesso.
- Observação … desencadear processos mentais à interpretação do objeto analisado, principalmente se for feito com o compromisso de buscar uma análise profunda dos fenômenos observados.
- Pensamento … empreender razão e juízo em um processo lógico, deslizar entre mnemônicos de memória conectados com sentimentos e emoções; lidar com signos (significados e significantes) na memória
- Releitura … repetir a leitura, ter um novo olhar sobre o texto, assimilar novas perspectivas, identificcar novas relações, aprofundar a reflexão, com maior profundidade, criar novos textos.
- Repetições Espaçadas … “ler blocos de informação em camadas de leitura de curta duração (até 30 miunutos) espaçadas no tempo sobre um determinado assunto; sinalizar e dar tempo ao cérebro de assimilar o bloco de leitura.
- Relembrar … recuperar informações, atuar no processo de aprendizagem, aumentar a capacidade intelectual, reduzir o esquecimento e sinalizar ao cérebro coisas importantes a serem retiradas na memória; trabalha com muito mais recursos cognitivos do que a releitura e agrega mais valor ao aprendizado que a releitura.
- Resumo … além de destacar informações relevantes para consultas futuras, o resumo contribui para reforçar a compreensão do assunto estudado, economiza tempo e aumenta a produtividade do estudo.
- Mapa conceitual … conectar e integrar novas ideias, informações conceitos e relações, ao conhecimento corrente e identificar áreas potenciais para futuras pesquisas; ajudar a aprendizagem significativa; mostrar relações hieráquicas entre conteúdos e conceitos; servir de guia (mapa) para nortear o ensino (mediador) e aprendizagem (aprendiz).
- Pergunta … investigar informações, interrogar diretamente ou indiretamente por orações imperativas ou declarativas, associar um conceito ou assunto a outro.
- Sono … durmir bem é garantir que durante o sono o cérebro revisite as informações e experiências do dia, isso fortalece as conexões neurais associadas a essas informações; um bom sono refresca a memória e técnicas podem ser usads para aumentar o desempenho cognitivo.
- Metacognição … desenvolver a capacidade de refletir sobre a experiência cognitiva, autoregular e automonitorar os recursos cognitivos (atenção, memória, percepção, pensamento, linguagem, aprendizagem.
- Signo … usar sinais e símbolos, para ajudar a comunicação e interpretação comunicar e acionar pensamentos e memórias.
- Ferramenta … usar recursos para ajudar a fazer tarefas mentais (cognitivas) e refletir sobre elas.
Todos esses exemplos listados são ferramentas de memorização que sinalizam ao seu cérebro, de várias formas, que a informação é importante e não deve ser esquecida.
Para você lembrar é necessário que a leitura seja importante, ou seja, tenha significado.
Esteja conectada (associada) com o seu conhecimento corrente.
Quanto mais emoção envolvida, mais memorável será a experiência.
A teoria do conhecimento dá grande relevância ao caráter subjetivo da memória – a importância do significado emocional para cada um.
O que vale é o sentido e o significado do que foi gravado.
Memória para a filosofia não é apenas recordar, mas uma das formas fundamentais da existência humana, sua relação com o tempo passado.
Memória é a presentificação do que passou.
É a marca do agora que virará passado na lembrança.
A memória é o próprio passado.
Segundo Frederic Barlett percepção e a memória não dependem apenas de evocações automáticas de informações previamente armazenadas.
A evocação é essencialmente um processo criativo de reprodução, não dependem apenas de informações fornecidas pelo ambiente, mas também da estrutura mental do observador e daquele que evoca (lembra).
Essa nova visão da psicologia pós behaviorista (comportamental), veio à partir dos anos 1950 e 60 via a “revolução cogntiva” e ciência cognitiva, que analisa a atenção, linguagem, memória e pensamento, muito além de estímulos e respostas, e inclui processos que intervêm entre estímulos e comportamentos.
Modelo de Processo de Memorização
Uma das formas que a psicologia cognitiva estuda a memória é como na figura, como um sistema de recursos que ligam o passado ao presente em três estágios: aquisição, armazenamento e recuperação.
Aquisição … para haver memória o primeiro passo é o de aquisição que depende de dois fatores primordiais: percepção e atenção. Qualquer distúrbio num desses dois conjuntos de componentes afeta a memória negativamente; a recíproca também é verdadeira.
Armazenamento … o segundo passo é o armazenamento; a experiência para ser lembrada depois, precisa deixar alguma gravação , um traço de memória, no sistema nervoso.
(Como o trabalho dos neurônios permite lembrar , onde é gravado? As evidência sugerem que são guardados em lugares específicos distribuídos no nosso sistema nervoso e cérebro).
Recuperação … O último passo é a recuperação, como é retirada do lugar armazenado e tornar disponível para uso, tanto para relembrar quanto para reconhecer.
Analisar a memória como um sistema com processos e recursos tal como figurado possibilita estudar e entender aspectos do funcionamento e componentes da memória, cujas relações podem ser exploradas para aumentar o desempenho cognitivo.
Memória de Curto e Longo Prazo
Uma outra perspectiva da teoria cognitiva moderna propõe que as informações aprendidas vão, simplificadamente, para um conjunto de memórias de curto prazo intermediáriase têm que ser repetidas para passarem para o estágio de memória permanente de longo prazo.
A memória de curto prazo é como a mesa de uma biblioteca, pequena, de uso rápido, prático, usada para armazenar livros que são incluídos ou retirados das estantes.
Já os livros nas estantes são mais difíceis de serem manipulados e contêm uma gama muito maior de conteúdos, como um grande armazém.
A memória de longo prazo é usada quando queremos guardar um grande volume de informação, ou por longo prazo de não uso imediato.
Mudança de foco para “Memória Ativa e Organização”
Uma “guinada” complementar e importante na forma de estudar a memoria é a valorização do sujeito no processo, olhar de forma construtivista, interativa e reflexiva.
Essa perspectiva amplia bastante o uso de ferramentas e signos e a capacidade de enxergar com maior precisão o funcionamento da memória e uso de técnicas de memorização para aumentar o desempenho cognitivo.
A teoria dos estágios de memória (curto e longo prazos) não leva em conta (ou enfatiza) uma variável fundamental: o sujeito, seus objetivos, estratégias e conhecimento.
Ou seja, a repetição não é suficiente para os dados migrarem da memória de trabalho para a memória de longo prazo … depende do sujeito.
A memória não é passiva, é um processo ativo do sujeito, depende de organização mental, atitudes e desejos, ingredientes fundamentais para transferir dados entre memórias de curto e longo prazos.
Quando inserimos a “variável sujeito” no modelo muitos outros aspéctos relevantes emergem, dois deles são a “profundidade do pensamento” e a “codificação” (o uso de signos) que o sujeito usa, dois fortemente conectadas.
A aquisição de memória não é copiar um dado ou evento e inserí-lo no cérebro … é um processo.
Memorizar requer atenção e envolvimento intelectual com o objeto do conhecimento, já que não é o objeto que será memorizado, mas aquilo que o sujeito pensa dele, durante o processo de memorização, ou seja, a memória requer que os dados brutos do ambiente sejam traduzidos em linguagem intelectual memorável chamado de “processo de codificação”.
Codificação
O processo de memorização e codificação pode ser artificial ou profundo.
O estudo da memória visa aperfeiçoar esse controle que mexe com as memórias de curto e longo prazo, nos estágios de aquisição. armazenamento e recuperação … são vários elementos ou conjunto de variáveis atuando na equação ou modelo de representação da memória.
Resumidamente falando, depende da situação percebida pelo sujeito e a sua utilidade, frente a objetivos, recursos, estratégias, planos que direcionam a atenção do sujeito.
Tem hora para planejar, desempenhar, controlar e ajustar … são estágios com objetivos e estados mentais e perspectivas diferentes.
Nem sempre precisamos de processamento profundo a epistemologia da memória estuda esse balanço.
O processamento superficial é aquele que enfatiza características superficiais de um estímulo.
O processamento profundo é focado no significado dos dados memoráveis.
Por exemplo lembrar apena de uma data é diferente de lembrar uma data de aniversáário ou de um evento relevante.
É intuitivo e provado que atribuir significado a informações ou eventos faz com que elas sejam mais facilmente recordadas no futuro.
A concepção de que o cérebro é a sede da consciência, mas que os seus estados conscientes não são meros estados físicos é chamado de dualismo de propriedade, cujos dois principais teóricos são Thomas Nagel e David Chalmers