Um conceito espontâneo é definido como aquele resultante do “senso comum” por “aparências”, sem uma organização consistente e sistemática … enquanto o conceito científico é sempre mediado por outros conceitos.
Vygotsky
Os resultados dos seus estudos são muito semelhantes aos das investigações contemporâneas …
“Temos dois sistemas de formação conceitual: um baseado em categorias difusas ou probabilísticas, relacionadas a contextos particulares, e o outro em conceitos clássicos, logicamente definidos; com interação dinâmica e que se comunicam numa via de mão dupla”.
Os conceitos científicos possibilitam realizações que não poderiam ser efetivadas pelo conceito espontâneo e vice-versa e não são assimilados em sua forma já pronta, mas sim por um processo de desenvolvimento relacionado à capacidade geral da pessoa de formar conceitos.
O termo mediação foi introduzido por Vygotsky e apropriado por Feuerstein.
Para Vygotsky, o homem é determinado por sua história, pelas condições socioculturais e econômicas de sua época, e elabora sua identidade a partir das relações de produção na qual está inserido.
Ambos, Vygotsky e Feuerstein, são totalmente contrários àqueles que definem a inteligência como algo pronto, inato, acabado, um “dom” que algumas pessoas recebem ao nascer (SOUZA, DEPRESBITERIS e MACHADO, 2004).
para Vygotsky, o desenvolvimento é a condição da
aprendizagem. Ele consiste na incorporação (apropriação) do envolvimento, gerada de forma ativa pelo sujeito.
O desenvolvimento das funções superiores exige a interiorização de instrumentos e de signos, num contexto de interação.
A mediação é uma ideia central na teoria de Vygotsky. Para ele, a mediação é feita através da linguagem, condição essencial para capacitar uma criança a representar mentalmente objetos, situações, enfim, fenômenos do mundo.
A linguagem, para Vygotsky (1989), exerce um papel importante na organização e desenvolvimento dos processos de conhecimento.
A linguagem permite que as pessoas lidem com os objetos do mundo exterior, mesmo que esses elementos estejam ausentes. Através da linguagem os seres humanos incorporam conceitos.
O conceito é mais do que certas somas de certas conexões associativas
formadas pela memória, mais do que um simples hábito mental; é um ato
real e complexo de pensamento que não pode ser ensinado por meio de
treinamento. O desenvolvimento dos conceitos, ou dos significados das
palavras, pressupõe o desenvolvimento de muitas funções intelectuais,
dentre elas: atenção deliberada, memória lógica, abstração, capacidade para
comparar e diferenciar (VYGOTSKY).
Vygostky
entendia que os indivíduos desenvolvem habilidades de resolução de problemas ao interagir
com outras pessoas que sabem mais do que eles e por meio de instrumentos e de signos.
Para
esse entendimento, o autor desenvolve o conceito de Zona de Desenvolvimento Proximal
(ZDP), que se caracteriza como a distância entre o nível de desenvolvimento atual
determinado pela capacidade de resolver independentemente um problema e o nível de
desenvolvimento determinado mediante orientação de um mediador mais capaz na resolução
de um problema.
Neste sentido, o desenvolvimento do sujeito é visto de forma prospectiva, pois a Zona
de Desenvolvimento Proximal define aquelas funções que ainda não amadureceram, que estão
em processo de maturação (VYGOTSKY, 1989).
Vygotsky postula que é na atividade prática, nas interações que os homens
estabelecem entre si e com a natureza, que se originam e se desenvolvem as funções psíquicas
especificamente humanas. Assim, observa-se uma semelhança nos pensamentos de Vygotsky
e Feuerstein ao perceberem que a mediação pode tornar o mediado autônomo em sua
aprendizagem. De acordo com Vygotsky (1989): “[…] o que um indivíduo é capaz de fazer
hoje em cooperação, será capaz de fazer sozinho amanhã”.
Vygotsky não abre mão do processo de aprendizagem de
acordo com o conceito de mediação para a aquisição de funções superiores. Nesse princípio,
existe uma coerência teórica que justifica o sociointeracionismo como desdobramento do
materialismo histórico dialético posto que, a mediação cria as possibilidades de reelaboração
da realidade.
Esta realidade é como um elo de ligação em que o signo, a atividade e a consciência interagem socialmente. Imperativamente, a categoria de mediação possibilita a aquisição de funções superiores.
A internalização dos conteúdos de atividades feitas em grupo, cria nos alunos uma
representação viva da realidade. A estimulação através da realidade objetiva causa a
apropriação dos estímulos provenientes da mesma, tornando-se um individuo ativo frente ao
meio externo. Neste sentido, a prática do sujeito está sempre relacionada à prática social
acumulada historicamente.