Pergunta é a ferramenta básica da filosofia, que estuda as melhores formas do saber.
A filosofia é o nascedouro da ciência e ambas andam alinhadas e sinérgicas.
Cientistas são filósofos e têm como base a lei de causa e efeito, um princípio universal, onde “o acaso não existe”.
Daí a afirmação de que todo efeito tem uma causa, que pode ser boa ou ruim e promover resultados positivos ou negativos.
Diante disso, pensar filosófico e fazer perguntas faz parte fundamental da gestão de negócios e empresas.
A educação do pensar filosófico é voltada para todos na empresa para “aprender a aprender” pensar sobre a existência e seres humanos e pensar mais correto, lógico, científico e ético.
Qual o Propósito das Perguntas Filosóficas na Empresa?
As perguntas filosóficas são ferramentas para resolver problemas de forma aberta, qualitativa (descritiva)… não têm carater específico nem quantitativo (numérica).
São perguntas cujas respostas resolvem ou modelam “classes de problemas”.
Não se restringem a problemas específicos nem operacionais.
São perguntas do tipo “o que”, “quem”, “porque” estratégia e tática e não dizem respeito ao como ou quanto ou onde
Visam gerar “ganhos de escala” e mexer com grupos sociaistoda a empresa e indivíduos, no mesmo “pacote filosófico”.
São exemplos de perguntas filosóficas …
- Qual a razão de existir da empresa?
- Quais são nossas origens?
- Quais são nossas crenças – no que acreditamos?
- Quais são os valores que adotados?
- Quais são as justificativas das nossas crenças?
- Quem são os cliente ideais?
- Quais as nossas vantagens competitivas?
- Qual o modelo de negócio mais adequado?
- Quais são os nossos recursos chave para gerar receita e custo?
- Qual a proposta de valor … foco, singularidade e mensagem?
- Qual o valor da marca da empresa?
- Quais são as características físicas e abstratas que representam e identificam a marca?
- Quais os valores epistêmicos – pensamentos, memórias, percepções, conhecimento, habilidades, técnicas, teorias, modelos, ferramentas, processos científicos?
- O que é prioritário para a empresa, time e indivíduo?
- O que é mais mais urgente para a empresa?
- Qual o código de ética e intenções para guiar o coportamento?
- Qual o perfil competitivo adotar?
- Quais são as conversas
Todas essas perguntas são formuladas por pessoas epistêmicas (científicas).
Cada pergunta olha um aspecto qualitativo sobre a existência (metafísica), conhecimento coientífico (epistemologia), lógica,
Todas elas mudam o tempo todo e são subjetivas.
O sujeito epistêmico carrega essas perguntas filóficas no seu kit filosófico
São tipicamente usadas para a gestão, planejamento, modelagem, previsão, isso inclui …
- Resolver problemas “novos” … não é para resolver problemas conhecidos
- Dar sentido a questões que parecem não dar sentido, ou complexas … mesmo quando temos todas as informações, ou ao contrários, quando temos poucas informações.
- Desenvolver novas perspectivas … coniiderar novos valores, conceitos, produtos.
- Ir além de “respostas estabelecidas” … quebrar paradigmas, afastar vieses,
- abordar questões de crenças fundamentais.
- pensar complexo, não empírico … pensar crítico e criativo.
Perguntas filosóficas estão associadas ao pensamento estratégico, estado mental difusos e relaxado, mais panorâmicos, típico de atividades de planejamento; os estágios de desempenhar, controlar e ajustar NÃO são estratégicos e não cabem perguntas filosóficas.
desenvolvem o pensamento estratégico, acima do tático e operacional.
O que é uma Pergunta Filosófica?
A Pergunta Filosófica “não” depende de fatos e dados.
Para responder uma pergunta filosófica, não importa quanta informação seja coletada no processo de aprendizagem.
Fatos e Dados “não” são suficientes e não determinam a resposta a perguntas filosófica do tipo: “O que é isso? (por exemplo).
A resposta a pergunta filosófica sempre pode ser questionada por outras visões contrastantes … e são essas visões que a fortalecem.
A Perguntas Filosóficas exige que usemos o nosso próprio “raciocínio, investigação e julgamento”.
- Tem haver com construtivismo ou aprendizagem ativa do indivíduo, que vai além da transferência de conhecimento.
- Estão na base e conectadas a vários outros “ramos de perguntas”.
- Demandam o uso do nosso próprio raciocínio, investigação e julgamento para chegar a uma resposta.
- Traduzem o pensamento filosófico – ir além de coletar ou lembrar informações.
- Envolve movimentos cognitivos inter-relacionados para resolver questões abstratas e intangíveis.
Quando Aplicar
As Perguntas Filosóficas são tipicamente usadas nos pensamentos Crítico e Criativo.
“Acionam” e “Estruturam” formas mais complexas de pensar.
São essenciais nas seguintes situações:
- Esclarecer significados … explorar grupos de conceitos relacionados.
- Descobrir suposições e pressuposições … identificar hipóteses ou teorias provisórias.
- Analisar conceitos … segmentar em conceitos mais simples e facilitar a compreensão e resolução de problemas.
- Considerar a validade de processos de raciocínio … analisar se argumentos e expressões lógicas estão corretos.
- Investigar as implicações de ideias … selecionar “certas ideias, em vez de outras”.
As Perguntas Filosóficas não procuram respostas terminais e sim “caminhos”.
Quando aplicamos perguntas filosóficas não procuramos por uma “resposta terminal” já que isso não oferece opções, mas dar a melhor solução temporária, sabendo que uma melhor poderá vir pela frente.
Uma boa “resposta filosófica” é como uma vela no escuro – fornece luz e mistério, ilumina e ao mesmo tempo revela os contornos do desconhecido e indica que há muito mais a ser investigado e aprendido.
As perguntas filosóficas “indicam caminhos”, são fios condutores, para encontrar verdades … conectam crenças, valores, propósitos, objetivos, regras, comportamentos, conceitos, princípios, problemas e soluções.
Problemas Filosóficos
Os problemas filosóficos são “problemas conceituais” existentes na ciência, engenharia, matemática, no dia a dia empresarial.
São questões que só podem ser resolvidas com base em conceitos.
Não são resolvidos com coleta de fatos e dados, cálculos quantitativos, complexos e trabalhosos.
Contrastam com a maioria dos problemas operacionais do dia a dia
Os Problemas Filosóficos ocorrem “não por falta” de conhecimento, mas pela “incapacidade de dar sentido a algo.
- É como estar diante de um jogo de quebra cabeça com todas as peças e não conseguir encaixá-las todas.
- É como ter dificuldade de dividir um todo nas suas partes ou sintetizar um todo à partir delas.
- Os problemas e perguntas filosóficos envolvem o investigativo, surpreendente, intrigante ou enigmático.
- Ocorrem quando buscamos saber mais, conhecimento mais complexos ou vantagens competitivas.
Porque usar.
Porque os Problemas e Perguntas Filosóficas ocorrem?
Os problemas e perguntas filosóficas decorrem por 2 razões:
- dúvida = incerteza = informação insuficiente, ou
- ignorância = total falta de informação.
Sinalizam a necessidade de aprendizagem, nível maior de criticidade num assunto ou inteligência.
Têm a capacidade de tocar o nosso “sistema de crenças” e essa é uma boa forma de identificá-las e usá-las.
As vantagens competitivas são como aqueles frutos mais frondosos e distantes, que precisam de mais perícia no emprego das perguntas filosóficas, para alcança-los nos galhos mais extremos da árvore do seu conhecimento.
Para a filosofia correto e incorreto ou certo e errado são padrões grosseiros de avaliação das coisas humanas … não têm a precisão necessária
- Ou seja, as perguntas filosóficas” não”resolvem um problema específico e sim uma classe de problemas.
- Não visam resolver o problema de uma vez e sim dá margem que outros desafiem a resolução, apontem questões que consideramos.
- Logo, correto/incorreto ou certo/errado são padrões muito grosseiros e não adequados, já que ignoram a riqueza e a profundidade de diferentes soluções filosóficas.
Para julgar os méritos de uma solução filosófica, precisamos distinguir entre raciocínio melhor e pior … não respostas certas e erradas.
Qualidade das Perguntas Filosóficas.
Como avaliar?
Mesmo que não existem respostas “certas” para questões filosóficas via experimentos ou pesquisas, lendo sobre o assunto, fazendo cálculos ou consultando especialistas, podemos decidir quais são as melhores respostas usando outros padrões mais sutis, tais como:
Lipman sugere os seguinte critérios para medir a qualidade das perguntas e respostas filosóficas:
- Imparcialidade … não privilegiar ninguém e nenhuma parte.
- Abrangência … alcance, domínios, dimensões.
- Consistência … coerência de ideias, regularidade, perseverança.
- Precisão … exatidão, certeza, rigor, sintetismo.
- Relevância … importância, interesse, valor, significância.
- Aceitabilidade … razoabilidade, legitimidade, pertinência.
- Suficiência … conjunto de conhecimentos e qualidades específicas para determinado trabalho, habilidade, qualificação..
Observações.
- Podemos usar esses padrões de bom raciocínio para avaliar diferentes resoluções filosóficas.
- Uma resolução bem fundamentada, imparcial, abrangente e coerente é melhor do que uma que não o seja.
- Mais uma vez, não é uma questão de ser certo ou errado e sim ser melhor ou pior.
Os Tipos de Perguntas Filosóficas
As perguntas filosóficas podem ser calssificadas em 5 categorias:
- Avaliativas … valores.
- Conceituais … significado.
- Metafísicas … existência
- Fenomenológicas.
- Epistemológica.
Perguntas Avaliativas
PERGUNTAS AVALIATIVAS identificam problemas filosóficos sobre nossos VALORES.
Exemplos de Perguntas Avaliativas.
- O que é certo ou errado?
- Como avaliar o retorno do conhecimento?
- O que devemos ou não fazer?
- Qual a justificativa para nossos valores e preferências?
- Qual o valor da empresa no mercado?
- Como devo agir nesse tipo de situação?
- Devo sempre tentar saber mais coisas?
- A falta de conhecimento é sempre ruim?
- etc.
Perguntas Conceituais
As PERGUNTAS CONCEITUAIS identificam “problemas filosóficos” ou “problemas conceituais” sobre o SIGNIFICADO.
Servem para:
- contextualizar … descrever a inter-relação de objetos, circunstâncias e conceitos que acompanham um fato ou uma situação.
- resolver ambiguidades … visibilizar e diferenciar conceitos e relações
- identificar inconsistências … conceitos e relações que levam a uma contradição lógica (na explicação ou compreensão).
- diferenciar conceitos … distinguir,
- assemelhar conceitos … identificar relações semelhantes ou analogias.
- hierarquizar conceitos … organizar com subordinação.
Saiba mais. Conceitos e Conceituação, Mapa Conceitual, Mapa Mental, Mapa Mental vs Mapa Conceitual.
Exemplos de Perguntas Conceituais
- O que é isso?
- Quais são os principais conceitos atrelados a esse conceito?
- Quais os conceitos que contextualizam esse domínio de conhecimento?
- O que significa aprender algo?
- Qual a relação entre entender, compreender e aprender?
- Podemos aprender sem ensinar?
- Qual a relação entre ensinar e explicar?
- Aprender implica mudança?
- Implica melhoria?
- Esses conceitos modelam de forma simplificada o funcionamento do negócio?
Perguntas Metafísicas
As PERGUNTAS METAFÍSICAS Identificam problemas filosóficos sobre a REALIDADE, ESSÊNCIA e NATUREZA da empresa e negócios.
- São as perguntas mais fundamentais das perguntas filosóficas.
- Têm o objetivo de ir além daquilo que todo mundo vê e sabe … entender e criar essencialidades.
- Estudar os “primeiros princípios”, ou “princípios fundamentais” que a empresa e as pessoas irão seguir.
- Identificar categorias, conceitos, estruturas e modelos para conceber e suportar propósitos, objetivos e estratégias.
- Avaliar a identidade da empresa, suas características que diferenciam no mercado.
Exemplos de Perguntas Metafísicas
- Quais os clientes ideais para a nossa empresa ou para este negócio ou para essa oferta?
- Qual o foco, singularidade e mensagem da valor da nossa oferta?
- Qual a percepção de valor da nossa marca no mercado?
- Porque “fazer isso ao invés de nada”?
- Temos “livre arbítrio para tomar essa decisão?
- Quais são as nossas vantagens e desvantagens competitivas?
- Qual a nossa consciência sobre a situação atual?
- Qual a “categoria de problemas” (problemática) que resolvemos?
- O que propor além daquilo que todo mundo propõe atualmente no mercado?
- Esse ato de questionar – realmente importa?
Perguntas Fenomenológicas
As PERGUNTAS FENOMENOLÓGICAS identificam problemas filosóficos sobre julgamentos, percepções e emoções.
Visam explorar experiências vividas.
- julgamentos … quais evidências? Qual a ponderação? Qual o tipo de julgamento: informal (opiniões), formal (regra de compararação) ou legal (aplicação da lei)?.
- percepções … quais as interpretações da informação sensorial para representar e compreender a informação ou ambiente.
- emoções … quais as alterações neurofisiológicas associadas a pensamentos, sentimentos ou respostas comportamentais.
Considerar o lado lado humano do marketing e relações de negócio e ir além das autoridades e teorias estabelecidas.
Exemplos de perguntas experenciais
- Como é ser livre?
- Qual é o significado ou a importância da liberdade para nossas vidas?
- Uma experiência de liberdade na sala de aula muda a forma como a escola é para nós?
Epistemológico
As questões epistemológicas identificam problemas filosóficos sobre a natureza de nosso conhecimento, julgamentos e justificativas, bem como nossos critérios de certeza, crença e evidência. Essas perguntas nos ajudam a resolver incertezas sobre o que sabemos, como sabemos essas coisas e quais critérios podemos usar para julgar. Por exemplo, se pensarmos nos direitos das crianças, poderíamos perguntar:
- Como sabemos quais são os direitos das crianças?
- Que critérios poderíamos usar para saber se uma criança tem direitos específicos?
- Estamos justificados em acreditar que as crianças têm direitos?
Implicações desta visão de questões filosóficas
As questões filosóficas são ferramentas que apontam, isolam e articulam problemas filosóficos. Usamos essas ferramentas para tentar fornecer soluções filosóficas para problemas filosóficos.
A filosofia começa com problemas. As questões filosóficas são ferramentas que nos ajudam a descobrir problemas e incoerências, que depois investigamos e esclarecemos. Nesse sentido, atuam como tochas que iluminam a escuridão. Eles também são ferramentas para focar em aspectos particulares dos problemas. Nesse sentido, são como lupas ou telescópios. Eles também são como pás, pás ou bisturis que nos ajudam a desenterrar as preocupações problemáticas.
Uma implicação dessa visão é que precisamos de questões filosóficas que visem explorar um problema filosófico para fazer filosofia. Fazer uma pergunta filosófica não levará a uma investigação filosófica se for feita com o propósito errado. Por exemplo, se um professor fizer uma pergunta filosófica como “O racismo é sempre ruim?” com a intenção de levar os alunos à resposta preferida do professor, então o resultado não será filosofia. Os alunos não estão sendo convidados a resolver um problema filosófico, mas apenas são solicitados a descobrir qual resposta o professor acha que é correta. Da mesma forma, se não estivermos usando questões filosóficas, não teremos investigação filosófica. Por exemplo, o problema filosófico sobre o objetivo ou propósito da educação não pode ser resolvido perguntando “Qual é o currículo em Cingapura?” Esta questão não é uma ferramenta suficientemente afiada para resolver este problema filosófico. No entanto, sempre podemos desenvolver novas questões filosóficas que serão úteis para resolver nosso problema filosófico, por exemplo, “O quedeveria ser o objetivo da educação?”
Uma segunda implicação é que ao perguntar, responder ou pensar sobre questões filosóficas, é importante entender o problema filosófico para o qual as questões apontam. Se eu perguntar “Qual é o objetivo da educação?” com um propósito filosófico, não estou interessado em um relato histórico ou no que está nos documentos curriculares atuais (embora isso seja informativo). Se eu perguntar “O que significa aprender?” com um propósito filosófico, não estou interessado nas causas psicológicas, biológicas ou sociais da aprendizagem. Estou mais interessado no significado e definição de aprendizagem e na avaliação de nossas razões para escolher um significado em detrimento de outro. Este é o problema filosófico .
Isso significa que, por exemplo, se alguém que lê esta coleção pensa que as questões filosóficas são respondidas pela coleta de mais conhecimento, não ficará satisfeito com o que lerá. Eles esperarão que os autores apenas lhes digam as respostas corretas e ficarão frustrados porque os autores não o fazem. Isso ocorre porque eles não entendem o propósito das questões filosóficas.
Além disso, se não tivermos uma experiência do problema filosófico que está sendo explorado, as questões levantadas, a discussão realizada e as resoluções sugeridas não terão sentido para nós. A filosofia da educação só faz sentido para nós se lidar com um problema que percebemos como um problema. Damos sentido a um problema filosófico resolvendo-o. Mas se não “vermos” o problema, não seremos capazes de apreciar uma solução e, portanto, não lhe daremos sentido.
A implicação final é que devemos começar a fazer filosofia da educação com a disposição de enfrentar questões e problemas difíceis sobre a educação. Temos que estar dispostos a descobrir e confrontar o que não faz sentido em nossas próprias visões preciosas sobre educação. Devemos desafiar o incontestável. Devemos deliberadamente encontrar problemas que tornem nossas visões seguras e tranquilizadoras mais inseguras (Lipman, 2004). Porque isso é inquietante, demorado, complexo e difícil, parafraseando Lipman (1988) um pouco, poderíamos dizer que é preciso coragem para fazer filosofia da educação.